Cirurgia Ceratocone
Transplante
Hoje uma minoria de portadores de ceratocone vai para transplante de córnea, embora a doença seja a maior causa da cirurgia no Brasil. O transplante pode ser realizado com corte manual ou com intralase, equipamento também utilizado no corte a laser da cirurgia corretiva de miopia, hipermetropia e astigmatismo.
O intralase reduz para 8 a 12 o número de pontos que na cirurgia manual é de 24 a 32. Por isso, o tempo de recuperação também é menor. Em geral acontece em 6 meses contra 18 meses no método manual.
Transplante lamelar
É a remoção e substituição das camadas ou lamelas da córnea que estão alteradas, mantendo as camadas sadias, invés de substituir toda a córnea como acontece no transplante penetrante. Mais difícil de ser realizado pelo método manual, tem a desvantagem de maior risco de vascularização e embaçamento da córnea após o enxerto. As vantagens são o menor número de pontos e a recuperação mais rápida.
Cirurgias preventivas
Visam manter a integridade do olho e permitem que a maioria dos portadores de ceratocone escape do transplante. Dependendo do estágio da doença e da velocidade da degeneração no formato e curvatura da córnea é necessário combinar até três procedimentos diferentes para interromper a progressão e garantir melhor acuidade visual. As principais cirurgias preventivas são:
Crosslink
Realizado no centro cirúrgico sob anestesia local, o crosslink é o único procedimento cirúrgico que interrompe a progressão do ceratocone por aumentar a resistência da córnea em até 3 vezes.
Pode ser realizado pela técnica epi-off em córneas com, no mínimo, 400 micras de espessura, ou pela técnica epi-on em córneas mais finas de, pelo menos, 300 micras.
No crosslink epi-off o cirurgião retira até 9 mm da parte central do epitélio, camada externa da córnea, para na sequência aplicar riboflavina (vitamina B2) associada a radiação UV (ultravioleta). É esta combinação que aumenta a resistência da córnea.
Estudos revelam que o epi-off pode ser aplicado com segurança até a idade de 35 anos, mas é mais eficaz antes dos 18 anos porque a recuperação da espessura central da córnea até esta idade é mais rápida.
Após os 35 anos ou em córneas mais finas é indicado o crosslink epi-on em que o cirurgião aplica riboflavina e radiação UV sem retirar retira o epitélio da córnea . A. As vantagens do epi-on são: redução da dor, recuperação mais rápida, menos risco de infecção por não retirar o epitélio, bem como de opacificação após a cirurgia. Vale destacar que a maior resistência das fibras de colágeno da córnea pode melhorar a acuidade visual, mas este efeito não ocorre em todas as pessoas.
Implante de lente ICL
O implante de lente ICL é indicado para pacientes com ceratocone estável e altos vícios de refração. A ICL é uma lente fácica, ou seja, implantada sem a retirada do cristalino. A cirurgia corrige a visão de portadores de ceratocone entre 21 e 45 anos com até 18 graus de miopia, 11 graus de hipermetropia e seis graus de astigmatismo. O procedimento é reversível e pode ser realizado em portadores de olho seco A lente é injetada no olho através de uma incisão na córnea de 3 mm e a melhora da visão é imediata após o procedimento. Só não é indicada para quem tem a câmara anterior muito rasa, glaucoma pré-existente, opacidades na córnea ou herpes simplex. Por ser confeccionada de material biocompatível com as estruturas internas do olho não tem risco de rejeição e evita a formação de depósitos do humor aquoso sobre a lente.
Implante de anel intraestromal
É indicado para pacientes de todas as faixas etárias que apresentam ceratocone em evolução e têm grande dificuldade de adaptação às lentes de contato, ou distorções acentuadas na visão após transplante. Nos casos em que a espessura da córnea permite, este procedimento é associado ao crosslink para interromper a evolução do ceratocone. Pode também ser combinado ao implante de ICL em pacientes com alto vício de refração, ou à cirurgia refrativa topo guiada para corrigir o astigmatismo irregular e proporcionar melhor correção visual.
O anel intraestromal é uma órtese sem risco de rejeição que é implantada no estroma, camada intermediária da córnea. Aplana a curvatura corneana e pode ser removido caso seja necessário. Existem vários modelos e cada um afeta a topografia da córnea de uma maneira. A cirurgia é realizada no centro cirúrgico sob anestesia local e dura 10 minutos. Pode ser realizada com o laser de femtosegundo que torna o procedimento mais preciso. Os riscos são mínimos.Pode ocorrer uma infecção após a cirurgia ou a expulsão do anel em raros casos. Logo depois do procedimento a visão flutua por um tempo, mas depois estabiliza.
Cirurgia refrativa topo guiada
Após a aplicação de crosslink ou em maiores de 21 anos que estejam com o ceratocone estabilizado por, no mínimo, um ano uma alternativa cirúrgica para melhorar a correção visual é a cirurgia refrativa por PRK, raspagem do epitélio da córnea, guiado por wavefront, ou aberrômetro, equipamento que personaliza o procedimento fazendo uma varredura de pequenas imperfeições na córnea que diminuem a nitidez da visão. A cirurgia não elimina o uso de óculo. Diminui o astigmatismo irregular e faz o uso dos óculos ou lentes de contato proporcionar melhor correção visual.