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Inteligência Artificial pode barrar a perda da Visão

Inteligência artificial pode barrar a perda da visão

*Leôncio Queiroz Neto

Três em cada quatro brasileiros consideram a visão o mais importante de todos os sentidos, mas menos da metade da população faz exames oftalmológicos periódicos. Há inúmeros motivos para isso: 47% só buscam por consulta quando sentem alguma dificuldade para enxergar, outros não aprovam a própria aparência com óculos e uma grande parcela tem dificuldade de acesso aos cuidados médicos. O problema é que a maioria das doenças oculares não doem, nem apresentam sintomas logo no início. Por isso, o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta 6,6 milhões de pessoas no país com deficiências visuais severas que em 80% dos casos poderiam ser evitadas por exames regulares.

A boa notícia é que a Oftalmologia é uma das primeiras especialidades médicas a ser contemplada com plataformas de inteligência artificial. A nova tecnologia pode flagrar alterações microvasculares na retina, membrana localizada no fundo do olho que estão relacionadas às principais causas de perda definitiva da visão: retinopatia diabética, degeneração macular, glaucoma neovascular, retinopatia hipertensiva, entre outras.

Embora remeta à ficção científica, a inteligência artificial é um software que imita as redes neurais do nosso sistema nervoso central. O programa é instalado em um equipamento médico que funciona em conjunto com uma OCT (Tomografia de Coerência Óptica), aparelho que viabiliza o diagnóstico dessas doença através de imagens 3D da retina.

Para desenvolver este tipo de software uma equipe de programadores transformou em algoritmo a interpretação de oftalmologistas sobre um banco de imagens de OCT. Normalmente, a análise dessas imagens por um especialista demanda muito mais tempo que conferir a interpretação autônoma feita pelo software. Por isso, além de permitir o diagnóstico à distância, a inteligência artificial permite realizar mais exames, agiliza o diagnóstico, auxilia na indicação do tratamento e automatiza o acompanhamento médico. O resultado é a redução da perda da visão, do custo social e de tratamento.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que a maior causa de cegueira na população economicamente ativa é a retinopatia diabética. No Brasil não é diferente. Mais da metade dos diabéticos só descobrem a doença quando passam a enxergar embaçado ou pontos pretos na visão que já indicam alteração microvasculares na retina . Por isso, a primeira plataforma de inteligência artificial autônoma tem como foco a atenção primária à retinopatia diabética. É o software IDx-DR, aprovado em abril deste ano nos EUA pelo FDA (Food and Drugs Administration) agência americana similar à ANVISA. A aprovação aconteceu depois de um estudo com 900 portadores de retinopatia diabética em que ficou demostrada a precisão do diagnóstico pelo software em 96,1% dos participantes.

Mais recentemente, pesquisadores de dois hospitais ingleses em parceria com a Deepmind, subsidiária da Google, anunciaram um programa de inteligência artificial capaz de detectar mais de 50 doenças na retina. Foi testado em 15 mil exames de OCT e o diagnóstico deste software comparado ao de um painel composto por oito médicos revela que em 94% das vezes as recomendações foram idênticas. No mundo são 285 milhões de pessoas cegas por doenças na retina. A estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) é de que no país pelo menos 1 milhão têm grave comprometimento da visão por alterações na retina. Por isso, é indiscutível a contribuição desta tecnologia, especialmente em um país com as dimensões do Brasil.

Aqui a inteligência artificial ainda não se popularizou, mas o Instituto Penido Burnier acompanha de perto a evolução desta tecnologia para estar entre os primeiros a adotar esta ferramenta. Isso porque, acreditados no potencial para diminuir a perda da visão e a fila de espera dos pacientes atendidos pelo SUS na Fundação Dr Penido, braço social do hospital.

*Leôncio Queiroz Neto – Presidente do Instituto Penido Burnier, membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) e da ABCCR (Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa).

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